Pedra do Sino, o ponto mais alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos!

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A Pedra do Sino é considerada um dos pontos mais emblemáticos para os amantes do montanhismo no Brasil. Localizada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), no estado do Rio de Janeiro, ela ostenta o título de ponto mais alto do parque, com 2.275 metros de altitude. Sua imponência, beleza natural e importância histórica a tornam um destino obrigatório para quem busca contato direto com a natureza, desafio físico e vistas panorâmicas inesquecíveis.

Mais do que um simples pico, a Pedra do Sino é um convite à aventura. Suas trilhas atravessam ecossistemas variados, passando por florestas densas, afloramentos rochosos e áreas de altitude onde a vegetação se torna mais rarefeita. É uma experiência que combina contemplação, superação e respeito pela natureza.

A Pedra do Sino: História e Curiosidades

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Cume da Pedra do Sino de Teresópolis

Origem do nome e primeiras expedições

O nome Pedra do Sino está relacionado ao formato peculiar de suas rochas, que lembram sinos gigantes vistos à distância. Relatos históricos indicam que o local já era conhecido por moradores da região desde o século XIX, quando caçadores e exploradores começaram a percorrer a serra em busca de novos caminhos.

As primeiras expedições registradas ocorreram no início do século XX, marcando o começo da prática de montanhismo organizado na região. Desde então, a Pedra do Sino se tornou um símbolo de conquista e resistência, atraindo aventureiros de todo o Brasil e do mundo.

A importância para o montanhismo nacional

A Pedra do Sino está entre os cumes que são considerados como berço do montanhismo brasileiro. Foi ali que muitos clubes e grupos de montanhistas começaram suas atividades, ajudando a popularizar o esporte e desenvolver técnicas de escalada e trekking adaptadas ao relevo brasileiro. 

A conquista da Pedra do Sino, aconteceu em 1841 por um botânico escocês chamado George Gardner. Ele alcançou o topo do pico enquanto explorava a região, facilitado por trilhas abertas por animais. Até hoje, subir a Pedra do Sino é quase um “rito de passagem” para quem deseja se aprofundar no universo das grandes montanhas do país.

Dados geográficos e altura oficial

Com seus 2.275 metros, a Pedra do Sino é o ponto culminante do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que se estende pelos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Guapimirim e Magé. Sua localização estratégica proporciona uma das vistas mais espetaculares do Brasil, alcançando em dias claros o Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara e até mesmo a Serra do Mar ao longe.

Trilhas e Rotas de Acesso

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Mapa da Pedra do Sino de Teresópolis

Trilhas principais para o cume

Existem duas principais rotas para alcançar a Pedra do Sino:

  • Trilha de Teresópolis – É a mais utilizada e considerada de dificuldade moderada. O trajeto tem cerca de 11 km de extensão e pode ser percorrido em 4 a 6 horas, dependendo do preparo físico do visitante.
  • Travessia Petrópolis–Teresópolis – Uma das trilhas mais famosas do Brasil, com aproximadamente 30 km de extensão, considerada de nível difícil. A Pedra do Sino marca o ponto final (ou inicial) dessa travessia, que exige bom preparo físico, experiência e pernoite em abrigos ou barracas.

Grau de dificuldade e perfil ideal de visitantes

A trilha por Teresópolis, embora considerada moderada, exige bom condicionamento físico, já que inclui trechos íngremes, escadarias naturais e longos segmentos em terreno irregular. É recomendada para praticantes regulares de caminhadas ou para iniciantes bem preparados. Já a travessia completa é indicada para montanhistas experientes, com prática em navegação, resistência física e pernoite em ambiente natural.

Pontos de apoio, registros, autorizações e taxas de visitação

IMPORTANTE: Atualmente (setembro de 2025), os abrigos encontram-se fechados, sendo necessário levar barracas. Consultem disponibilidade no período de seu planejamento.

A Pedra do Sino está dentro do PARNASO que é administrado pelo ICMBio. Para acessar as trilhas da Pedra do Sino num bate e volta pela portaria de Teresópolis, é obrigatório realizar o registro prévio na guarita do parque. Caso você decida fazer a travessia é bom lembrar que há a necessidade de autorização, agendamento e pagamento de taxas no site oficial do PARNASO, especialmente se houver pernoite. Esse processo garante o controle do número de visitantes, a preservação ambiental e a segurança de todos, principalmente nos períodos de alta temporada.

Hoje, o parque tem 2 abrigos disponíveis em toda a travessia (hoje, temporariamente fechados). O abrigo da Pedra do Sino é chamado de Abrigo 4 pois antigamente era o 4º ponto de parada a partir de Teresópolis. O 1º e 2º eram em pequenas cavernas e o 3º uma construção hoje em ruínas. Eles oferecem dormitórios coletivos, área de camping e infraestrutura básica para preparo de refeições e até banho quente! 

Planejamento logístico para a travessia por Petrópolis

Para quem pretende subir pela Travessia Petrópolis–Teresópolis, o planejamento logístico deve ser ainda mais detalhado. É necessário prever transporte entre as duas cidades, reservar o pernoite nos abrigos (especialmente o Abrigo 4 que é mais visitado, próximo à Pedra do Sino) e organizar a alimentação para dois a três dias de trilha. Como o percurso inclui longas caminhadas e mudanças de altitude, é importante avaliar a previsão do tempo e levar equipamentos adequados para frio e chuva.

Geralmente o translado é feito a partir de Teresópolis onde é deixado o carro particular no estacionamento seguro do parque, no final da travessia. Contrata-se uma pessoa para levar os trilheiros e equipamentos para a portaria de Petrópolis para o bairro Bonfim, onde se inicia a caminhada. 1º dia até o Abrigo Açu, 2º dia até o Abrigo 4, 3º dia ataque bem cedinho (com nascer do sol) à Pedra do Sino e descida para a portaria de Teresópolis.

Melhor época para realizar a subida

O período mais indicado vai de maio a setembro, quando o clima é mais seco e as trilhas apresentam menor risco de escorregamento. Durante o verão, as chuvas são mais intensas e podem tornar o percurso perigoso, além de reduzir a visibilidade das paisagens. Sempre verifique as condições climáticas antes de iniciar a subida, pois mudanças bruscas são comuns na região.

Biodiversidade e Paisagens ao Redor

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saudade (Lipaugus ater)

Flora típica da Serra dos Órgãos

A vegetação que circunda a Pedra do Sino é um verdadeiro espetáculo da Mata Atlântica. Nas partes mais baixas predominam florestas densas, com árvores de grande porte e bromélias gigantes. À medida que se ganha altitude, a vegetação torna-se mais baixa e adaptada ao clima frio, com espécies como campos de altitude e orquídeas raras.

Fauna presente na região

O parque abriga uma rica fauna, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o macaco muriqui-do-sul e o gato-maracajá. Aves como o gavião-pomba e o tucano-de-bico-preto são vistas com frequência pelos trilheiros. A presença desses animais é um lembrete da importância de manter silêncio, respeitar os limites das trilhas e não alimentar a fauna local.

Saudade: uma presença melancólica na mata atlântica

Nas trilhas da região serrana e litoral sul do Rio de Janeiro, assim como na Serra da Mantiqueira é comum durante as caminhadas, se ouvir o canto da espécie de ave chamada saudade, também conhecida como sabiá-aborrecida ou saudade-assobiadora. Endêmica das regiões montanhosas da Mata Atlântica, seu canto, um assobio longo, agudo e levemente melancólico ecoa entre os vales e copas das árvores nas altitudes entre 1.200 e 2.050 metros.

Mirantes e vistas panorâmicas mais marcantes

O cume da Pedra do Sino proporciona uma das vistas mais espetaculares do país. De lá, é possível avistar a Pedra do Açu, o Dedo de Deus e outros picos icônicos da serra. Em dias de céu limpo, a vista se estende até o litoral fluminense. O nascer do sol visto do topo é considerado um dos mais belos do Brasil, valendo o esforço da caminhada. Toda a parte superior do PARNASO oferece um visual espetacular com uma cordilheira de tirar o fôlego. Se você fizer a travessia poderá constatar isso no segundo dia, onde toda a caminhada é feita por cima do parque. Em breve publicaremos um artigo sobre a bela Travessia Petro-Terê.

Conclusão

A subida à Pedra do Sino é muito mais do que uma simples trilha; é uma experiência que envolve história, natureza e superação pessoal. O pico combina desafios físicos, paisagens de tirar o fôlego e contato profundo com a biodiversidade da Mata Atlântica, sendo um destino obrigatório para montanhistas e amantes da natureza.

Visitar a Pedra do Sino é um convite à conscientização sobre a preservação ambiental. O Parque Nacional da Serra dos Órgãos é uma área protegida que abriga ecossistemas frágeis e espécies raras. Respeitar as regras, evitar lixo, não colher plantas e seguir as trilhas demarcadas são atitudes básicas que todo montanhista responsável deve ter. Leia também o artigo do Marcello Medeiros no site Alta Montanha.

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